29/07/2020 às 00:32 Dicas

Fotos tratadas

3137
8min de leitura

Você já se deparou com vários orçamentos de fotógrafos, e cada um deles fala de quantidade de fotos de uma maneira diferente? 

Por onde começar a avaliar qual é a melhor opção para você? Do que se trata o resultado final?

Uma das coisas que faz a diferença no momento de escolher um(a) fotógrafo(a) é o pós produção. Esta é dividida entre edição (escolha), tratamento (revelação) e manipulação (modificações). Neste post explico melhor do que se trata cada uma dessas etapas.

Uma pergunta que me fazem frequentemente é "Todas as outras fotos do ensaio são entregues, sem tratamento?". Acredito que isso acontece porque em algum lugar se ouve falar sobre esse tipo de entrega. Ou por na minha proposta eu colocar os itens inclusos de uma forma diferente da de outros profissionais.

É um grande questionamento e totalmente compreensível, uma vez que todo o processo de uma fotografia , da idealização a impressão, percorre caminhos que não são tão simples quanto parecem.

Cada profissional tem uma forma de trabalhar, que melhor funciona de acordo com seus valores, conhecimento técnico, fluxo de trabalho,  preferências estéticas e inúmeros fatores que fazem com que cada um tenha sua particularidade e fazem o seu diferencial.

A foto de capa tem as duas primeiras etapas e esta é a etapa final da forma como eu trabalho. Esse é o meu pai, como o seu melhor amigo Paçoca, feito para a campanha de dia dos pais da Santo Chico Fotografia Pet.

Aqui explico como é a forma que eu gosto de trabalhar e que pode esclarecer muitas dúvidas de quem gosta do meu trabalho e me procura para um orçamento. Vou falar bastante sobre mim e a forma como tenho trabalhado atualmente.

Identificando qual a sua necessidade e gostos, fica muito mais fácil uma negociação e a flexibilização no momento de contratar um ensaio.

Idealização e preparação

Falo desta etapa sem dúvidas por ela ser muitas vezes algo difícil de explicar em um orçamento, pois é imensurável e subjetiva, e depende muito do olhar do expectador a absorção deste diferencial.

Uma fotografia pode ser considerada um autorretrato pois ela reflete toda a bagagem (conhecimento técnico, experiência, vivências, conhecimento) de quem está construindo a imagem. É o que muitos conhecem como "olhar do fotógrafo". 

No meu caso, eu tenho várias referências visuais de uma vida de muitos filmes com minha mãe toda 4a feira (dia de promoção da videolocadora), 20 anos de experiência em palco (com horas e horas da chatíssima passagem de palco, quem já fez entende rs), de ser maluca por séries quando esse termo nem era tão corriqueiro, de ouvir discos inteiros apreciando a capa e o encarte, de ser a fotógrafa da turma nas viagens de estudo do meio da escola, muitas visitas em museus por onde quer que eu passe, leituras sobre fotografia, arte e negócios, e por aí vai... E daí eu me tornei fotógrafa.

Foram mais dias e dias de congressos que já perdi minha conta, cursos online que dariam uma faculdade, aulas de aprimoramento, cursos e workshops maravilhosos. 

E não cabe aqui aprofundar no assunto investimento em equipamentos, que não são tudo, mas fazem sim muita diferença. Não é só a câmera, é preciso analisar se existe backup, por exemplo, ou até mesmo este site que você está navegando agora.

Depois de tudo isso, tem o conceito do ensaio, conhecer melhor o fotografado, seja para um retrato, um ensaio de família, pre wedding... construir idéias, imaginar que poses e lugares iriam trazer o melhor de cada um.

Tenho sempre o grande desafio de mostrar tudo isso em poucas imagens e palavras dentro de uma proposta.

Tá bem, selfie não é o meu forte. Mas eu não poderia deixar de eternizar o dia que fui na exposição da Dorothea Lange, que me fez repensar o que é a busca por um bom retrato. Foi uma experiência inesquecível e de muito aprendizado. 

Momento do clique

Feita toda a preparação, com conversas, concepção... vem a parte mais gostosa!!!!! 

Hora de aplicar todo esse conhecimento, consciente e inconsciente, e se divertir!!! Para que seja divertido, é necessário muita habilidade e experiência. Por mais que eu já faça isso há mais de 6 anos, sempre dá um friozão na barriga! E assim como estar na coxia antes de entrar no palco, acho que é bom e me faz ver que sou realmente apaixonada pelo que faço. 

Contudo, nos meus primeiros ensaios eu ficava muito mais travada para dirigir, demorava mais para fazer os ajustes de câmera, poderia sempre melhorar a composição... Quando você já domina todos os raciocínios que acontecem em milésimos de segundos que existem no apertar o botão, o que salta aos olhos fica muito mais verdadeiro e, na minha opinião... lindo!

Depois disso, pelo menos 2 backups e...

Um dos meus retratos de família preferidos, que mostra bem o que é a delícia de estar tudo perfeito e a família começar a se soltar para a sessão.

Edição

Muitas pessoas entendem por Edição o tratamento das fotos. Na verdade, quando um fotógrafo está editando as fotos, está fazendo a seleção, a curadoria.

No meu processo criativo, muitas vezes eu tiro várias fotos de uma mesma situação. Se é dirigido, coloco um outro movimento aqui, conto uma piada dali, pego um movimento mesmo como uma corrida ou pulo e daí faço "tatatata" conhecido como "dedo nervoso" rs, mas é simplesmente o disparo contínuo.

É claro que não são todas essas fotos que precisam existir. Algumas não estão com a técnica perfeita, outras a expressão pode estar muito melhor em uma do que em outra de uma mesma situação.

Em ensaios, eu faço uma primeira edição, filtrando primeiramente apenas as que eu acredito que estejam boas de verdade. 

Depois, junto com quem me escolheu como fotógrafa, fazemos uma 2a seleção, a partir do número de fotos inclusas.

Usando ainda o ensaio do meu pai com o Paçoca como referência, veja quantas fotos foram feitas, algumas estão inteiramente escuras pois o flash não disparou. As que estão com a bandeirinha são as escolhidas. E neste caso, já tratadas.

Tratamento

Uma vez escolhidas as fotos que irão compor o resultado final (fotografias, álbum, etc), começa o tratamento.

As fotos que saem da câmera, no meu caso, são no formato RAW. Raw quer dizer cru, em inglês. E é exatamente isso. Elas vêm cruas, sem personalidade, muitos ainda usam o termo "lavadas". 

Além disso, trata-se apenas de uma etapa do processo. como se fosse o filme apenas, sem revelar, das fotos analógicas. E nem sempre elas estão completas. "Como assim?" 

Algumas fotos eu faço intencionalmente subexpostas (mais escuras), para não perder a informação de cor onde tem raios de sol, mas já pensando no que é possível fazer na pós produção (tratamento) para equilibrar a luz da imagem, o que destacar. Em alguns momentos é o cálculo velocidade + abertura + ISO que me faz fazer uma escolha de uma foto mais escura, já sabendo o que será possível fazer depois (por isso conhecer o equipamento e os softwares de tratamento é tão importante no momento do clique).

Exemplo de foto crua. O flash já estava no máximo, e por se tratar de um auto-retrato a abertura precisava ser bem fechada, o que deixa a foto mais escura. Eu poderia ter subido o ISO para clarear mas neste caso eu sabia que daria mais certo regular no software para não iluminar demais as altas luzes, na minha testa e bochecha direitas

Em muitos tipos de ensaio este tratamento já é o suficiente para a imagem ficar pronta. Em eventos, por exemplo, quando o número de cliques é grande, eu faço até esta etapa de tratamento. Ao exportar, a foto está pronta para imprimir. 

No meu caso, eu uso o Lightroom, que me possibilita ainda colocar muito da minha personalidade e identidade, principalmente nos ensaios externos

Aqui mais um caso de foto crua e a foto depois apenas com o tratamento no Lightroom. Estas bolinhas são para mostra ronde estão alguns pincéis que usei para dar vida à imagem.  Repare que esses pontos vermelhos na imagem 1 são onde está estourado, perdendo informação de cor por estar muito claro. Na 2a eu consegui regular. Se eu tivesse regulado a exposição para os modelos, com certeza não seria possível recuperar o dourado do sol atrás.

(Estou usando bastante meu pai como exemplo pois são as fotos que estou trabalhando nesse momento, além de ele com certeza me autorizar a usar rs)

Em fotografia de pets, como não é preciso tratamento de pele e se não é preciso tratar o cenário (tirar um poste, placa ou lata de lixo, uniformizar o fundo), muitas vezes é possível encerrar o tratamento por aqui.

Crianças também, elas são tão perfeitas que apenas alguns ajustes já bastam para uma linda foto, caso todo o cenário já esteja certo, sem precisar adicionar ou remover nada.

Mas nem sempre o tratamento no Lightroom basta.

Aqui eu já arrumei a exposição e já coloquei o nível de contraste entre outras etapas, de acordo com o que eu gosto. A foto já poderia ser usada. Mas... e este dente sujo de batom? E este frizz no cabelo? E este meu braço que parece ser maior do que ele realmente é? E se eu não gosto do sorriso tortinho? E as minhas manchinhas e rugas que são ressaltadas com a luz de estúdio? E essas manchas que estão no fundo? Para arrumar tudo isso, preciso abrir a foto em um outro programa, velho conhecido de todos.

Manipulação

Quando tem um fotógrafo profissional no ambiente e o clique acontece, muitas vezes a imagem que a pessoa tem de si própria não condiz com o que é possível ver na câmera. E daí vem a frase "Você vai me arrumar no Photoshop, não é?".  É o que se espera de um fotógrafo profissional. Eu mesma já pedi para amigas. Isso é normal.

Brincadeiras a parte, nem sempre é possível chegar nessa etapa, principalmente em eventos. A não ser que seja o estilo do fotógrafo entregar pouquíssimas fotos de um evento e tratar todas no photoshop. E lembrando, não estou falando o que é certo e o que é errado. Admiro muito quem faz isso. Desde que cobre para tal, pois manipular uma foto no Ps é extremamente trabalhoso.

Mas, tratando-se de ensaio e principalmente em estúdio, eu acredito que seja não a cereja do bolo porque eu não curto cereja em bolo, mas no meu caso, sabe aquela cobertura de chocolate que você até deixa pro final? É o detalhe que faz uma grande diferença.

Tcharam! Agora sim!!! 

Não notou diferença? Se não, está tudo bem, pois o ideal é que fique o mais natural possível. 

Abaixo essa mulher que já é linda, a Dra Camila Leite, na foto crua para escolha. E depois a foto tratada, suavizando manchas (dá pra ver bem na perna direita), algumas ruguinhas, deixando o cenário mais certinho (repare o ângulo do rodapé).

Fiz esse vídeo que mostra um trecho da manipulação de uma imagem:

O antes, o tratamento, e a foto final com as manipulações no Ps.

Este é um exemplo de quando é preciso ajustar o cenário e remover conteúdos da imagem. Por mais que os pets não precisem de muito tratamento, às vezes a dinâmica do ensaio traz a necessidade de ajustes mais elaborados.

Como eu sou um pouco perfeccionista, eu sempre acho que dá para melhorar. 

Portanto, elaboro as minhas propostas de ensaio com um número de fotos razoável considerando todo este processo, até a manipulação final.

E claro, para mim ainda acho que o ciclo ainda conta com a impressão, seja em álbum ou avulsas, pois aí sim elas serão verdadeiramente fotografias.

Espero que eu tenha colaborado para clientes e fotógrafos que tenham dúvidas com relação a esta parte da trajetória de uma imagem.

Se tiver ainda qualquer dúvida, Entre em contato comigo e ficarei feliz em ajudar.

Um grande abraço,

Thais Mazzoco

29 Jul 2020

Fotos tratadas

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Tags

adome edição fotógrafa fotógrafa pet fotografia pet imagem lightrrom manipulação fotografia photoshop tratamento

Quem viu também curtiu

30 de Jul de 2019

Dicas de roupas para ensaio fotográfico

23 de Jun de 2023

Conhecer sua fotógrafa pode render fotos incríveis!

27 de Jun de 2020

Amor de Fã

Logo do Whatsapp